domingo, 13 de junho de 2010

aurora

Hoje eu acordei mais cedo, queria ver o sol nascer.
Logo eu que sempre gostei tanto de dormir, acordei inquieta e com um frio insuportável que só a aurora matinal poderia confortar.
Andei até a Enseada de Botafogo, fazia um frio enorme, e pelas ruas só haviam aqueles que meu pai sempre me alertou, as putas, os bêbados e os andarilhos. Cada um na sua devida solidão,como se não existisse mais nenhuma pessoa ao seu lado, ou até no mundo. Era assim que eu me sentia.
Sentei na areia, meus cabelos esvoaçavam até meus lábios, pensei em tirá-los, desisti, aquele momento e aqueles cabelos dariam uma bela fotografia; não que eu tivesse uma câmera, na verdade, nem queria ter uma câmera, era um momento meu, e eu queria dividí-los apenas com meus olhos míopes.
Primeiros raios do sol, o frio que eu sentia se converteu instantaneamente em arrepio, é impossível descrever tudo que eu senti naquele momento. Sabia apenas, que eu havia encontrado não sei o que, mas era o que eu procurava.
Fiquei contemplando o sol dar seu espetáculo matinal, nada mais me importava, nem as águas sujas que molhavam meus pés. Permaneci ali imóvel o dia inteiro, não senti vontade de mais nada além de olhar pra ele.
Quando amanheceu, acordei, embaixo do meu edredon, em minha cama quentinha, o sol brilhava maravilhosamente, e eu havia sonhado com ele a noite inteira, queria muito ter visto aquele nascer do sol, mas não deu,estava frio e eu não gosto de acordar cedo.

Um comentário:

Arthur disse...

Você realmente me enganou até o despertar! Descrição de dar inveja do momento...

Notei que são recorrentes as imagens de devaneios e da sujeira, tanto pra bem quanto pra mal, ainda que imoral mesmo. Isso diz batante sobre seu estilo literário. =D