sábado, 21 de novembro de 2015

Para siri

Encontre um amor que goste de Caetano. Acho que foi em uma camiseta que li essa frase pela primeira vez, e de certa forma interiorizei como um mantra. Não que a partir de então o papo começasse com “oi, você gosta de Caetano?”. Mas vamos dizer que em dado momento da noite rolava um “mas e aí Caetano?”.
Naquela vez foi um pouco diferente, logo nas primeiras saídas coloquei minha música preferida do Doces Bárbaros para tocar, ele achou um saco, disse que aquilo era barulho, não música. Discutimos. Aliás, essa foi uma delas, discutimos sempre, quase todos os dias, em defesa do liberalismo, pelo direito dos animais e sobre toda e qualquer coisa no mundo.
Recentemente numa conversa com outros casais, quando cada casal contava o que gosta de fazer junto, ele orgulhosamente respondeu que gostávamos de discutir. Achei lindo. Quem me conhece um pouco já sabe que não há coisa que eu faça com tanto empenho como isso.
Apesar de não gostar de Caetano, ele se ajoelha com a minha sobrinha e engatinha pela casa, gosta de imitar uma siriema e acha graça quando danço estranho em locais públicos.
Quando a gente se conheceu, ele me disse que gostava de viajar, mas que esperava alguém que pudesse ir para o mundo ao lado dele. Naquela hora achei aquilo tudo tão papo de quem queria se dar bem aquela noite, e agora estou separando as coisas para nossa próxima viagem.
No fim das contas, ele tem até gostado de Caetano, esses dias colocou até repeat no carro quando acabou de tocar. E eu, aos poucos até me rendo a música clássica.


Esse texto é em comemoração a mais um ano dele nesse planeta.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Pela infância dos nossos dias


Lembro das tardes de janeiro naquele pequeno apartamento. Éramos sete. A vida era boa e o sol não tão quente. São José dos Campos parecia a melhor cidade do mundo e os morrinhos do terreno abandonado eram enormes e facilmente comparáveis com uma pista de Down Hill, das mais radicais e perigosas. Esses dias passei por lá e os morrinhos ainda estavam lá, mas dessa vez, eles pareciam tão pequenos. Aliás isso me lembrou dos dias em que íamos com a vó no Aquário lá em São Paulo, aquela variedade de peixes e de brinquedos que nos deixavam loucos. Também passei por lá tem alguns anos e vi que eram poucos os peixes e menores ainda os brinquedos.
Engraçado, quando somos pequenos tudo parece tão grande. Vejo a pequena Laura engatinhar pela casa, como é difícil vencer cada desafio como abrir a porta do armário ou engatinhar até o outro cômodo, mas ela não se cansa. Talvez seja isso, o mundo deve ser tão grande para as crianças porque elas não se cansam. Crescer (ok, nem tanto no meu caso) as vezes deixa as coisas pequenas e difíceis. Ser adulto é ter medo de abrir a porta do armário e preguiça de engatinhar até o próximo quarto.
As vezes evito ser adulto, mas tem dias que a "adultice" bate assim na gente, aí tudo parece pequeno e difícil. Nesses dias, sem dúvida o melhor a se fazer é ter uma criança por perto e de repente se ver engatinhando ao lado dela. Esquecer como o mundo é difícil e de que engatinhar pode causar dores nos joelhos.

Felizes são os que ainda sabem a felicidade que é abrir a gaveta mais alta do armário.