sábado, 27 de novembro de 2010

Carta ao povo

Prezados,


Sim, sou a favor dos direitos humanos, principalmente porque esta guerra não começou hoje e não vai acabar hoje, nem amanhã, nem daqui quinze dias.
Gostaria de lembrar que existem moradores, existem crianças lá dentro, e existe memória. Sim, porque a polícia pode entrar lá agora e matar, cem, duzentos ou mil traficantes, e estampar nas capas de todos os noticiários que obteve êxito na operação.
Mas todas as crianças lá dentro vão lembrar dos tiros que furaram a parede e dos momentos de pânico que viveram na tarde de hoje e daqui três semanas existirão mais centenas de traficantes, não é com guerra que se combate a cultura do tráfico.
Gostaria de lembrar que no Complexo do Alemão tem apenas 2 escolas, para uma população de 65 mil habitantes. O Estado que sobe o morro, é o do caveirão, e e este o Estado que vai ficar na memória das crianças, das mulheres, dos trabalhadores, dos idosos de hoje.
Me dá arrepios ouvir o apresentador do noticiário mandando o traficante "ser esperto pelo menos uma vez na vida", e eu me pergunto e te pergunto, quais foram as oportunidades dadas para eles serem espertos na vida? Gostaria de lembrar que são 2 escolas para 65 mil habitantes e olha que nem estou entrando no mérito da qualidade das escolas.
Então é muito fácil colocar a culpa nos usuários de drogas, na população da favela, do que perceber que na realidade a culpa é do Estado que governa pra quase ninguém, e de quem fica mantendo esse sistema de merda.
Não tô tirando a culpa dos criminosos, pelo contrário, gostaria apenas de mostrar que o criminoso é fruto de uma sociedade que não foi criada por ele, nem tampouco escolhida por ele pra viver, ou alguém conhece algum morador da Zona Sul que achou legal mudar pro morro e entrar pro tráfico?
Espero de verdade o sucesso da negociação, para que a paz seja instaurada sem precisar derramar mais sangue, e que pela primeira vez esta população possa conhecer um estado que não seja fardado de preto e com fuzis na mão.

Com esperança,
Fernanda.

domingo, 14 de novembro de 2010

laços

Eu amei.
Cada palavra, cada fotografia imaginada mas não realizada, cada bom dia, cada café da manhã na cama com beijos recheados de sono.
Tanto amei que quando você foi embora, não chorei.
Olho os presentes dos padrinhos amontoados pela sala e os convites do casamento que foram devolvidos, e mesmo diante deles sou incapaz de chorar. E não chorarei, as pessoas que pensem o que quiserem pensar, não me importo.
No dia que você fechou esta porta com a mochila nas costas dizendo que jamais voltaria, eu entendi o que era o amor. E ele é isso que eu não sei decifrar, isso que não me deixa chorar, porque me conforta nos nossos sonhos e nas nossas lembranças.
Te amo porque sei que você deveria ir embora, porque não te quero só pra mim, te quero para você.
Não quero te pedir pra voltar, e não sei se quero que você volte. Quero sentir o aperto no estômago a cada vez que o telefone tocar, ou o carteiro chegar, mesmo sabendo que não será você.
Não me dói você ter ido embora, nem me entusiasma o fato de você voltar.
Eu te amo, simplesmente por te amar, e isso cabe apenas a mim.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Triângulo Perfeito

Um e outro,
dois.
Na verdade, são três:
um, outro e os dois.

Três e a cumplicidade,
Dois e a vaidade,
Um e a saudade.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

atenção,

Ouça o silêncio.
Era o que dizia a colorida pixação da esquina da rua da minha casa. Desde então venho tentando ouvi-lo.
Já coloquei meu televisor no mudo, tranquei as portas, fechei as janelas, mas tudo em vão. Por vez o ponteiro do relógio da cozinha, o latido do cachorro do vizinho, os dados do jogo de tabuleiros das crianças que brincam na rua. Todos estes ínfimos barulhos atordoam minha mente e parecem ensurdecer meus ouvidos.
Apelando para meu péssimo conhecimento filosófico, penso a priori que o silêncio só existe no mundo das idéias, sobretudo porque sinto-me incapaz até de pensar uma situação que não haja sequer um ruído. Digo isso, porque o silêncio que vi escrito naquele muro, não é o mesmo que aqueles desprovidos de audição escutam constantemente.
Descubro que não ouço o silêncio, porque não estou apta para tal, sim, como se fosse um processo evolucionista, que os relativistas tanto criticam. E neste ponto sou primata, é primitiva.
Não ouço o silêncio porque tenho medo de mim mesma, e não consigo suportar precisar dividir meus anseios e angústias apenas comigo mesma. Que me chamem de fraca, não me incomodo, sei que sou, mas não me importa, pois continuo aqui, trancada no meu quarto alheia ao mundo tentando me sintonizar com o silêncio.

domingo, 19 de setembro de 2010

A Fer

20 primaveras.
- Sem carteira de motorista! Lembra minha mãe...
- E o namorado? Sempre indaga minha avó.
Prefiro pensar por mim mesma o venha a representar 20 primaveras. Mas não deixa de ser engraçado. Quando eu tinha dez, me imaginava uma mega jornalista preparando-se para o casamento, impossível não rir me mim mesma pensando nessas coisas, até porque esses sonhos hoje eu chuto lá pra casa dos quarenta...
Quando tinha uns dezesseis anos passei a pensar a idade em viagens, tipo, quando tiver 20 anos já vou ter conhecido uma boa parte do Brasil e um pouquinho do mundo; tá legal, neste ponto até avancei, mas ainda conheço só um pouquinho de Brasil e nada do mundo, quem sabe lá pra casa dos quarenta...
Tudo isso me lembra como eu não faço planos pro presente, e como meu pai acha isso um absurdo, posso ouvir o "você tem que ter foco, Fernanda" "foco" "foco", não consigo imaginar como teria sido minha vida se eu tivesse tido foco desde os catorze anos, desculpa pai, mas agradeço por não ter tido.
Será que eu vim na caixinha de fósforo como o Cidão já tinha me alertado? Possível, minha estatura seria inclusive uma prova empírica de tal fato. Ou eu caí de alguma cegonha por acaso lá em casa?
Lá em casa, todos tem belos e longos planos a pequeno, médio e longo prazo, mesmo que estes sejam juntar 80 reais pra se tornar membro da torcida organizada do Corinthians, mas são planos, não são?
Não gosto de igreja, de carros e de todas aquelas outras coisas normais que minha família gosta.
Tenho 20 anos e meu patrimônio se resume a um notebook que ainda faltam 3 parcelas para serem pagas, uns 25 livros bem especiais, e um albúm de fotografias dos momentos importantes da minha vida.
Mas no fundo, sou feliz com isso, com minhas vinte primaveras, meus vinte e cinco livros e minha família convencional, mesmo que eu seja um brinde de caixa de fósforos.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

sono

Tarde na praia. Duas mesas.
Na primeira, um casal, um violão e Chico. Logo ao lado um grupo de jovens, um iPod e Los Hermanos.
Sinto um profundo incômodo, penso que aquela confusão linguística e sonora me atormenta. Doce ilusão. Percebo que me irrito com a mistura do novo e o velho, não sei se sinto raiva dos velhos retógrados ou dos jovens e o progresso. A verdade é que não sei o que quero ouvir. E a partir daí esta se torna uma questão de ser.
Não me sinto velho, tampouco jovem e não consigo me conformar em não ser nada. Resolvo me aproximar dos jovens. Ouvindo todos aqueles pensamentos idealistas desconcentro-me com o acorde sufocado do violão ao lado, era certo, não era mais jovem.
Me aproximo do casal, todo aquele ceticismo e racionalidade me incomodam, e mesmo durante os assuntos que me interessavam me perdia ao som das risadas dos jovens.
Me afasto das mesas, percebo que em uma delas era eu, na outra provavelmente serei eu. Sinto-me perdido no tempo, eu nunca acreditei no presente, pois já é passado, e se ainda não pensei é futuro. Então quem sou eu?
Procuro me situar no tempo, olho para o céu, e nem o sol pode me orientar, o dia está nublado, estou aqui há três dias ou há três anos. Não sei. Me perdi do relógio ou do calendário, mais que isso, me perdi de mim mesmo, estou aflito, mas não sei se quero me achar.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

amores expressos

Mas era inverno. Embora o sol insistisse em brilhar intensamente. Ela acordou sentindo um gelado na garganta, em vão tentou encobri-lo com um cachecol, o que ela não sabia é que coberta nenhuma esquenta frio de espírito.
Pegou seu ônibus lotado, neste momento visualizou um rapaz sentado no banco ao seu lado. Fitou rapidamente e o fervor em sua garganta foi praticamente instântaneo. se olharam.
Gentilmente ele ofereceu para segurar sua bolsa, não estava pesada, mas ela não hesitou, entregou-lhe a mochila e seu sorriso.
Eis que o ônibus dá uma brusca parada, e os pés se entrelaçam casualmente, se olham mais uma vez, e neste momento se amam como nunca, ou talvez como sempre. Eles se desejam.
Quando ela se dá conta, o ônibus já está vazio, e com vários assentos vagos. Pega sua bolsa, agradece ao rapaz, e se dirige a poltrona mais próxima.
No ponto seguinte, ele desce e ela não sofre, mas sente um imenso alívio, porque acabara de descobrir que ainda era capaz de amar.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Estamos Juntos?

Por mais perturbador que possa parecer este é o slogan da campanha do governador Sérgio Cabral.
Passei hoje pelos arredores do Complexo da Maré e me assustei com a quantidade de propagandas políticas afixadas no local. Faixas e cartazes ocupavam praticamente quase todo o perímetro visual, só não conseguiram ocupar o esgoto a céu aberto que passava logo embaixo, os barracos construídos com placas de papelão e a montanha de lixo que beirava o esgoto.
Senti nojo, mas não foi do lixo, nem do esgoto, muito menos dos barracos. Foi dos sorrisos falsos daqueles senhores que só aparecem a cada quatro anos, fixam um poster vão embora, e voltam dali a quatro anos, tiram fotos sorrindo, abraçam pessoas, apertam mãos trabalhadoras, e vão embora novamente.
Porque na hora de cuidar do lixo, na hora de se preocupar com esgoto, com moradia digna, com escola de qualidade. eles somem. E ainda mandam terceiros subir morro com caveirão, tiram emprego dos trabalhadores em nome da "Ordem". Estas coisas me deixam em choque!
Tinha inclusive cartaz do senhor Minc, acima do esgoto, logo ele tão preocupado com as questões ambientais, acho que deveríamos contar pra ele quantos anos demora para a natureza decompor aquele tipo de plástico, ele deve ter faltado esta aula.
Sinto vergonha das coisas que acontecem neste país, e raiva de saber que no próximo dia 3 de outubro eu e mais milhares de brasileiros, temos a obrigação de ir as urnas escolher um destes sorrisos falsos, e ainda se orgulhar da nossa "democracia".
Francamente Sérgio Cabral, não seja ridículo, não diga que estamos juntos, porque ainda nem esquecemos o que você falou para o menino Leandro. Se você está ao lado de alguém é da corrupção, da mal caratice e da falta de vergonha na cara, ao lado do povo que você não está.
Já dizia minha falecida avó, "antes só do que mal acompanhado", por isso, senhor governador, eu não estou com você e espero que no próximo dia 3 de outubro, ninguém esteja.

O link do vídeo de Sérgio Cabral , Lula e o menino Leandro:
www.youtube.com/watch?v=VIKT5CEgnqs&NR=1

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Comodismo

Era apenas mais uma manhã. Ele acordou, tomou seu café sem açúcar e leu o jornal diário. Considerou todas aquelas notícias uma merda, todos os dias ele considerava uma merda.
Pegou o mesmo ônibus lotado de todas as manhãs, reclamou da vida com o sujeito que entretido com seu aparelho de som não escutava.
Abriu seus e-mails, e reclamou mais uma vez. Quinze e-mails da mesma corrente, pensou como essa gente era idiota. Como se salvaria o mundo encaminhando aquela porcaria para no mínimo quinze pessoas? Mas isso não era o pior, sabia que no fundo havia recebido aquele e-mail de quinze pessoas que acreditaram na frase maiúscula e vermelha que dizia que Samara visitaria sua cama caso aquilo não fosse repassado ao menos para uma pessoa. Sentiu ódio, desligou o computador e resolveu tomar mais um café.
Na Cafeteria as pessoas olhavam obcecadas para um daqueles casos sensacionalistas que passam na televisão. Desta vez sentiu desprezo por aquela massa de imbecis que não tinham nada de útil para fazer além bisbilhotar e se comover com a vida alheia. Desistiu do café.
Acendeu um cigarro, lembrou dos tempos de faculdade, lembrou da raiva que sentia com a desilusão dos professores em relação ao mundo e pela primeira vez viu sentido naquilo tudo, e isso o incomodou profundamente.
Voltou ao trabalho, fez o que fazia todos os dias.
Chegou em casa, levou o cachorro pra passear. Neste momento sentiu um amargo na garganta, resolveu dividir tal aflição com uma garrafa de whisky, e conforme as doses aumentavam, o amargo se intensificava.
Percebeu que era tão passivo quanto todos aqueles que repudiava, de que havia adiantado os anos na Academia, as reflexões, as resenhas, os seminários, porque no fundo havia se passado mais um dia e ele não havia feito nada. O whisky passou a descer cada vez mais amargo e sentiu vergonha de si mesmo, vergonha por reclamar de tudo, por estar bêbado, por ter gasto o aluguel naquele whisky, por fazer tudo aquilo que repudiava, mas sobretudo, mais do que todos os outros, por ter esquecido de todos os ideais que tanto prezava quando era jovem.

terça-feira, 13 de julho de 2010

dualidade

Hoje eu chorei, e foi de raiva. Porque raiva é o que eu sinto quando vejo essa podridão toda e estou de mãos atadas, eu sei que sou maior, e é isso que me mata, porque ser maior não basta.
Eu sofro por ter o mundo engasgado na garganta e minhas cordas vocais simplesmente falharem.
Sou menina por ter pensamentos inimagináveis e mulher por ter papas na língua.
Guardo minhas vontades pros meus sonhos e me delicio com meus pensamentos. Mas quando desço do ônibus, quando ando pelas ruas, sou apenas mais uma menina pequena, com enormes óculos escuros, para que ninguém possa me ver.
E mesmo que pudessem me ver, jamais saberiam o que se esconde através dos meus olhos, jamais saberiam que além daqueles olhos cansados e rosto sério existem borboletas e fadas dentro de mim.
Borboletas que se agitam impacientemente toda vez que eu tento falar, e eu com medo de perdê-las, fecho-se em meu corpo e meu mundo.
Sinto-me duas, eu mesma e aquela que interage com o mundo, não entendo porque, mas não entendemos muito bem. Porque aquela que vive no reino das borboletas é apenas mais uma no meio da multidão?

segunda-feira, 12 de julho de 2010

entre eu-fui eu-sou eu-vou

Levei minha alma pra passear.
Deixei o meu corpo descansando em frente ao espelho,
Quando voltei,
Tinha uma estranha no lugar.

Decidi voltar a todos os lugares que já estive na minha vida,
em algum deles eu haveria de estar.
mas eu não estava...

Pensei no lugar que eu mais queria estar no mundo,
e lá estava meu corpo
foi aí que eu entendi tanta coisa...
desde que comecei esse poema não sou mais a mesma pessoa,
nem agora...
nem agora...



nem agora!

quarta-feira, 7 de julho de 2010

meus onze anos

Tudo começou ontem a tarde. Fui ao Rio Sul comprar uma calculadora e tinha uma mãe com uma criança de uns cinco anos com uma espécie de macaco nas costas, era tipo uma mochila, mas na verdade era uma coleira, tinha um fio que se prendia a mão da mãe e que ela puxava cada vez que a criança se afastava dela mais de um metro e meio.
Não pude deixar de lembrar das inúmeras vezes que me escondi no meio das prateleiras do shopping e minha mãe ficava minutos desesperada me procurando por todos os cantos achando que eu havia sido sequestrada, e eu ali escondidinha com a barriga doendo de tanto rir, ah como era bom!
Comecei a pensar em como as coisas eram antes. Lembrei dos tempos que chegava da escola e brincava na rua, andava de bicicleta, jantava com meus pais, lia meus livros... Hoje chego em casa e ligo logo o notebook,então não tenho tempo pra mais nada, preciso atualizar o Twitter, ver meus recados no orkut, ler os e-mails, o facebook.. Até jantar, tenho jantado em frente ao computador, porque nesse meio tempo posso perder milhões de coisas interessantes que se passam pelo mundo virtual... Concentro tanto tempo tentando mostrar o que eu fiz para as pessoas, que acabo não fazendo nada...é como se eu fosse agente passiva da minha própria vida.
Parafraseando Nando Reis, senti que o mundo estava ao contrário e ninguém havia reparado, senti saudades da infância dos meus pais, queria que meu pai um dia contasse para os meus filhos que colocou a polícia atrás de mim uma noite que eu sumi mais de doze horas, mas hoje mesmo há 12 horas de distância física meu pai sabe até se eu fui na padaria, basta ligar pro meu celular...
Sinceramente, sinto medo em pensar como serão as coisas com meus filhos, tenho até medo de ter filhos, quero ter filhos que brinquem na rua, que se escondam no shopping, que saibam soltar pipa; mas sinceramente não sei se o mundo está preparado pros meus filhos... Na verdade, não sei se não estou preparada pro mundo ou se é ele que não está preparado para mim.

domingo, 4 de julho de 2010

.

Ontem recebi um recado seu. Um misto de sentimentos estranhos tomaram conta de mim. Quis perguntar se estava tudo bem, mas sabia que não estava.
Senti culpa por olhar minhas fotos alegres, enquanto em você só havia sombra e solidão, era como se você tivesse ficado esquecido naquele hall da entrada dos elevadores. A vida escorrendo pela minhas mãos, enquanto mal pingava pelas suas.
Não sei qual é o comprimento do seu cabelo, sua música favorita, talvez eu nem te reconhecesse na rua, as lembranças que tenho de você são apenas as das fotografias. Como pude me deixar perder você? Logo você que sempre foi tão especial.
Queria te perguntar como vai a vida, as amizades, os porres da faculdade, todas aquelas coisas boas que tem passado na minha vida. Aí se pudéssemos dizer como a vida é boa e fazer planos de viagens. Mas não dá, estou estática há 28 minutos diante do seu recado e não consigo escrever nada mais do que um olá.
Perdoe-me por não ter estado contigo e por ter sido tão fraca, por ter ido embora sem ao menos lhe dizer adeus. Só agora percebo o quão egoísta fui conosco.
Queria mais do que nunca voltar a aquele ano de 2003, te pegar pelo colo e te garantir que eu jamais lhe abandonaria novamente. Queria te levar pro Rio, pra São Paulo e para o infinito comigo.Queria te contar que voei, sem sentir culpa por saber que você estava enclausurado. E agora sei como você se sentiu, porque apesar de livre sinto-me presa em mim mesma.
Coloquei nossa música pra tocar, desde aquele recado já se passaram oito dias, penso nele todos os dias, sofro por ele todos os dias, e onde quer que eu vá, com quem quer que eu esteja, me sinto vazia. E esse é o pior vazio que alguém pode sentir, porque eu sei que ele não vai passar... ainda que eu volte a aquela casa, ainda que eu deixe meus cabelos crescer e volte a gostar de skate, eu não serei mais a mesma, e você também não será mais o mesmo, porque um dia, eu te esqueci e nada nunca vai poder mudar isso.

domingo, 13 de junho de 2010

aurora

Hoje eu acordei mais cedo, queria ver o sol nascer.
Logo eu que sempre gostei tanto de dormir, acordei inquieta e com um frio insuportável que só a aurora matinal poderia confortar.
Andei até a Enseada de Botafogo, fazia um frio enorme, e pelas ruas só haviam aqueles que meu pai sempre me alertou, as putas, os bêbados e os andarilhos. Cada um na sua devida solidão,como se não existisse mais nenhuma pessoa ao seu lado, ou até no mundo. Era assim que eu me sentia.
Sentei na areia, meus cabelos esvoaçavam até meus lábios, pensei em tirá-los, desisti, aquele momento e aqueles cabelos dariam uma bela fotografia; não que eu tivesse uma câmera, na verdade, nem queria ter uma câmera, era um momento meu, e eu queria dividí-los apenas com meus olhos míopes.
Primeiros raios do sol, o frio que eu sentia se converteu instantaneamente em arrepio, é impossível descrever tudo que eu senti naquele momento. Sabia apenas, que eu havia encontrado não sei o que, mas era o que eu procurava.
Fiquei contemplando o sol dar seu espetáculo matinal, nada mais me importava, nem as águas sujas que molhavam meus pés. Permaneci ali imóvel o dia inteiro, não senti vontade de mais nada além de olhar pra ele.
Quando amanheceu, acordei, embaixo do meu edredon, em minha cama quentinha, o sol brilhava maravilhosamente, e eu havia sonhado com ele a noite inteira, queria muito ter visto aquele nascer do sol, mas não deu,estava frio e eu não gosto de acordar cedo.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

desilusão...

O inferno me pareceu bagunçado demais,
e senti certa raiva daquela calmaria que encontrei no céu.
e quando menos percebi encontrei tudo que eu buscava naquela sua cozinha.

O fogão sujo
e aquela pilha de louça sobre a pia.
senti nojo, muito nojo.
Mas era um nojo que me fazia querer ficar.

Continuaria ali
um dia, um mês, quiçá minha vida inteira
com aquele caldo de feijão seco e grudado na lateral do prato,
você sorrindo sem graça
e oferecendo água naquela garrafa com cheiro de Coca Cola

Tive que ir embora,
mas prometi voltar
e voltei...
Mas a cozinha estava brilhando
e a pia vazia...

Senti vontade de ir embora,
nada mais ali fazia sentido
aquele você que eu amava,
havia ido embora pelo ralo
em meio as espumas e sujeiras,
que eu tanto admirava.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

464 histórias pra contar

Praia de Botafogo, seis horas da noite, ônibus lotado.
Que tal um pouco de teoria sociológica? Ler Gilberto Freyre não me faz bem enquanto tem um suvaco fedido acima da minha cabeça.
Romance? O que pode ser excitante enquanto o ônibus saculeja e as pessoas caem em cima de você.
Talvez um pouco de música? Não, o "nem" lá de trás já se encarregou de tal incumbência.
Observar a paisagem, parece que convém.
E lá está ela, suja e linda.
A enseada de tantos poetas, tantos músicos, tantos músicos e poetas.
A mulher ao lado me cutuca, quer reclamar da vida.
NÃO FODE!
A mim já cabe minhas infelicidades, não preciso saber a de mais ninguém.
Engraçado, como ninguém te cutuca pra dizer que está feliz, ou seja, a menos que seja pra me contar que ganhou na loto ou vai se casar, não me cutuque, porque eu não quero saber.
A moça se levanta, senta um velhinho no lugar, me oferece uma caneta, a essa altura já fingi que voltei a estudar, é a melhor maneira de se tentar cortar um assunto. Aceito a caneta, obrigada. Logo em seguida, o esperado, um cartão de uma dessas igrejas neo-pentecostais, Tipo I Igreja do Canfundé do Judas, minha mãe sempre fala que estou precisando de Deus... Obrigada sou ateu.
Mais um que se vai... A essa altura já estou na Praia do Flamengo.
Volto a olhar a paisagem, pessoas jogam bola e o clima parece bem agradável, quem dera eu pudesse estar ali também, pensei em descer do ônibus, tomar uma água de coco, não dá, tem trabalho de CRB.
Agora senta um "nem" do meu lado, o "Relaxa e quica" adentra meus ouvidos de uma maneira que eu penso que meus tímpanos vão estourar, maldito infeliz que inventou caixa de som em celular, bons tempos quando cada um vivia feliz com seu walkman. Ao pensar isso, me senti velha e ranzinza, sobretudo, porque tinha um grupo de estudantes fazendo a maior algazarra no banco de trás, e eu estava achando tudo aquilo um porre. Logo eu, a líder da bagunça.
Ufa, vagou lugar lá no fundão, o "nem" vai pra lá e leva a turma com ele, enfim paz.
Um velhinho com aspecto de cansado senta ao meu lado, ele está dormindo, maravilha, a esta altura já estou na Lapa e o ônibus praticamente vazio. Ele começa a roncar, legal, pelo menos não tá me enchendo, fim da Men de Sá, preciso descer tio...
-Tio, Tio, Tio.....
silêncio.
ah, legal passou do meu ponto.
Filho da puta, vou ter que andar pra caramba..
Pegar o ônibus as 18h, me deixa velha e ranzinza...
e amanhã tem mais.

domingo, 30 de maio de 2010

aquelas suas cuecas furadas

Tire seu corpo molhado de cima de mim!
Recolha seus sentimentos jogados no chão
e vá embora!
Cansei de sentimentos sujos,
não há mais porque esfregar roupas que não se encaixam mais em meu corpo

Leve todos seus trapos
e não tente costurá-los
eu não costurarei os meus.

Depois de ontem,
acordei cinco quilos mais gorda,
ou talvez mais magra,
não me importa.
não cabe mais em mim.

Vou refazer meu guarda-roupa,
só não aceito os retalhos que estão no chão,
vá embora,
e não se esqueça das cuecas na lavanderia.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

O narrador

"O romance não é significativo por descrever pedagogicamente um destino alheio, mas porque esse destino alheio, graças a chama que o consome, pode dar-nos o calor que não podemos encontrar no nosso próprio destino. O que seduz o leitor no romance é a esperança de aquecer sua vida gelada com a morte descrita no livro."
(Walter Benjamin)

sábado, 15 de maio de 2010

Antropologia para criancinhas.

Essa semana aulas de filosofia na UFRJ e uma conversa com o Aviner Escobar(anotem esse nome, provavelmente vai fazer parte do futuro da sociologia), e fiquei pensando sobre a antropologia. Será que uma ciência baseada no relativismo, pode ser tão determinista? E será que dê fato é determinista?
Atribuir tudo a cultura não é tão ruim como atribuir tudo a economia, ou a filosofia e até mesmo a história?
Por causa disso, nós antropólogos em formação e os formados também, muitas vezes somos ridicularizados por estudar grupos isolados, contar "histórinhas" interessantes e outras coisas... Se isso for mesmo verdade, e não estou dizendo se é ou não,e daí? Porque as histórinhas que a antropologia conta são menos verdadeiras ou menos importantes que as demais?
Desde que tive a primeira aula de Antropologia, desde que li "OS SONACIREMA", "RELATIVIZANDO" e demais, me considero uma pessoa diferente, isso porque o relevante pra antropologia não é saber qual o ritual de casamento ou de funeral dos Trobiandeses ou que determinada tribo se pinta de tal forma, mas sim perceber que são construções culturais, que também existe em nossa sociedade.
"Antropologizar" é parar pra pensar que acreditar em rituais mágicos de cura e acreditar em remédios ou em médicos, é exatamente a mesma coisa.
Se teve uma coisa que aprendi com a Antropologia foi a quebrar preconceitos, e isso é relevante e muito, principalmente em uma sociedade tão preconceituosa e etnocêntrica como a nossa.
Será então, que ao invés de forçarmos convívio entre pessoas diferentes em nome da construção da cidadania, não deveríamos primeiro desmistificar tabus?
Não se trata simplesmente pensar no outro, mas se pensar como outro.
Antropologia é uma base pedagógica muito rica para criar respeito entre as pessoas e para mim essa explicação me basta.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

doce desabafo

Um dia busquei em você tudo que não podia encontrar em mim...
E encontrei
Você era a paz, o sorriso inesperado, a felicidade descontraída, a alegria das minhas manhãs;
Cheguei a pensar que eu não poderia viver sem você,
mas eu poderia.
Hoje, te olhar não me desperta paz, nem sorrisos, nem alegria.
E isso não diz respeito a você, mas a mim.
Agora é no espelho que encontro felicidade é nos meus dias que encontro o inesperado e as vezes me pego sorrindo.
Não nego o quanto você foi especial, mas felizmente não preciso mais de você.

sábado, 8 de maio de 2010

códigos

Existe um claro limite entre o que cabe e o que deveria caber em um papel. Porque escrever o que é senão exteriorizar os pensamentos mais longíquos, abstratos ou incoerentes que circulam nossas mentes.
Falo isso porque a partir do momento que escrevo nada mais é meu. Ouvi essa semana que o escrito é do leitor, permita-me tal retificação, mas o escrito é do papel.
Quando se escolhe as palavras certas, a sonoridade ideal, a estética formal ou a despojada, perde-se no conteúdo. Até porque o grande problema da escrita é saber que alguém vai ler.
Saber que alguém vai ler, compromete nossas verdades, pois é em busca do prestígio literário que omitímos aquilo que pensamos.
Isso porque o papel é a prova do pensado e o medo do ridículo nos induz a "estetizar" o que realmente queriamos escrever. E os diários não escapam disso, afinal, não queremos ser ridículo para nós mesmos.
É na mente que somos heróis e bandidos, frígidas e perversos, simpáticos e repugnantes; ali que se estabelece nossa "identidade imáginaria", perdão aos antropólogos de plantão por tal absurdo, mas não entendo, porque controlar e regular meus impulsos interiores e deixar ocupá-los um precioso espaço ao invés de externalizá-los e desocupar a cabeça
Porque ser "humano" é renegar nossa humanidade e estar cada vez mais inserido nos moldes pré -estabelecidos?

Falo isso, porque acabei de apagar o post que estava embaixo

sexta-feira, 30 de abril de 2010

admirável velho mundo.

Outono, época que as ruas se enchem de folhas, as árvores parecem secas e calor e frio se misturam deliciosamente.
Eram amigos, apenas amigos, desses que não se encontram mais no orkut, que nunca dizem que se amam e que abrem a porta da nossa geladeira. Caminhavam pelas ruas de Santa Teresa, buscavam um bar aberto as sete horas da manhã. 4,70, o valor das passagens até a Tijuca, era tudo o que tinham, estavam dispostos a trocar toda sua fortuna pelo prazer de uma garrafa de cerveja gelada, era apenas uma cerveja, isto é o que você leitor pode vir a pensar, mas definitivamente não era.
A cerveja era o ápice da realização naquele momento, se pudessem fazer qualquer desejo naquele momento, certamente seria aquela garrafa de cerveja; mulheres, dinheiro, mulheres e dinheiro, mulheres,dinheiro e sucesso, um caminhão ou uma fábrica toda de cerveja, bobagem, nada dessas banalidades substituiria aquela garrafa de cerveja.
Há aquela altura do campeonato não importava o quanto teriam que andar até em casa se gastassem aquele dinheiro com o mel, nem que demorassem toda a eternidade, nada mais importava, nada poderia importar.
Antes, sair para tomar uma cerveja seria a coisa mais normal e banal do mundo, como se levantar e escovar os dentes, todavia agora a situação era outra.
As pequenas ruas que onde antes corriam atras dos bondes, pareciam longas e intermináveis e apesar do cansaço eles não desistiram, seguiam vagarosamente por aquelas vielas, conversando o mesmo de sempre, bundas.
Chegaram até o bar, ou seria melhor dizer o templo, afinal não se tratava apenas de um bar, era um local de adoração, o seu zé, a mesa ideal, o líquido, a temperatura, tudo deveria estar nos conformes.
Entraram no bar e avistaram a mesa do canto esquerdo, abaixo da janela, ela continuava ali, intacta, inclusive com os arranhões no plástico com as iniciais "PJBA", lágrimas surgiram dos olhos dos três e com um nó na garganta se sentaram na mesa, mas um lugar estava vazio.
Haviam se passado 50 anos, Paulo, Bruno e Adriano voltavam do enterro de José, pela primeira vez a turma da esquina não estava completa, e dali por diante não estariam nunca mais, porque aqueles 50 anos se passaram tão rápido, eles não conseguiam entender; dinheiro, trabalho, viagens, compras de supermercado e tudo mais aquilo que parecia importante, não deixou espaço para idiotices como a cerveja de domingo, mas agora tudo era diferente, naquele momento eles perceberam que trocaram tudo que não era importante, por aquilo que realmente valia a pena. Tratava-se de felicidade, como uma cerveja causava mais felicidade do que os vinte e cinco anos dedicados aquela empresa, a nova tv de LCD, o i-phone, as idas anuais a Europa, nada, nada era o suficiente para preencher o espaço da cerveja de domingo. Até que no meio das lamentações aparece o Zé, abre a cerveja, enche os copos baratos. Um brinde, as bundas, é claro. E mais uma vez as bundas foram o assunto da manhã inteira. Depois disso, nunca mais se viram, ou melhor, se encontraram, mais duas vezes, nos outros dois velórios, sempre seguidos do velho ritual.
Devem estar por aí, em algum lugar com um copo barato, uma cerveja gelada e falando sobre bundas.

terça-feira, 6 de abril de 2010

o dia que a cidade não acordou tão maravilhosa...

Pessoas desabrigadas, carros abandonados, ruas inundadas. Tem pessoas que dizem que a natureza está se vingando, não acho que seja por aí, é apenas uma reação natural a tudo que o homem tem feito, e principalmente deixado de fazer, em relação a ela.
É fácil colocar a culpa no governo e continuar jogando lixo pelas janelas dos ônibus, sofá no rio... Ao mesmo tempo, é fácil o governo colocar a culpa na população por jogar lixo em lugar indevido, construir em locais indevidos, difícil é admitir a ineficiência do aparelho público, eles se preocupam tanto em embelezar a cidade e é como meu pai diria, começam a reformar a casa pelo telhado, e sem base firme, nada fica de pé.
Enfim, o ponto é que é muito simples colocar a culpa no próximo difícil é admitir sua parcela de culpa e passar a realmente se preocupar com o Planeta, e não apenas comprar sacolas com frases ridículas do tipo “I Love Earth” por pura vaidade, francamente. Infelizmente, assim que isso passar, as pessoas vão esquecer que tiveram que andar no meio da merda, ou que demoraram doze horas pra fazer um percurso de vinte minutos, ou talvez até se lembrem, durante uma conversa indignada sobre o governo, ou em um papo engraçado em uma mesa de bar. Mas, quando for tomar o quinto copo de água no quinto copo de plástico descartável ou jogar o pacote de biscoito, simplesmente esquecerão o dia seis de abril de 2010.
É com imenso pesar que observo e admito, estamos colhendo o que nós plantamos!

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

e lá do fundo do meu armário...




a saia de festa junina, ah que lembranças gostosas, mas eu achava que ela era um pouco mais comprida, agora mal ultrapassa o perímetro das minhas coxas. Tantas quadrilhas, amigos, felicidade, beijos roubados, bilhetinhos de correio elegante. Ahhh.

Uau, o vestido lilás de Cabo Frio, ah! vestidinho como te amei, era colocar você e me sentir a morena mais bonita que eu já tinha visto, pena que hoje você está tão velho e rasgado que não posso nem pensar em doá-lo para embelezar outra menina,

O All -Star preto de cano longo, não podia faltar, afinal quem não teve ou não tentou ter a fase underground, engraçado com ele me sentia uma pessoa tão legal, que bobagem, era só um tênis.

O crachá do SENAI, como podia esquecer, ah o SENAI, as labaredas no corredor, a Coordenação, o primeiro namoradinho, a implicância com o tamanho da minha camiseta, sono, cansaço, 130 reais por mês que pareciam uma fortuna, bons amigos, ah! bons tempos.

O cd do Charlie Brown, não podia faltar em minhas tardes, coitado esse trabalhou, tanto que foi capaz de quebrar o leitor de cd do meu micro system...

Mas lá no fundo do armário, uma pasta amassada, foi o que me chamou mais a atenção.

Eram recortes de jornais e papéis sobre a faculdade, ali todos juntos e presos por um bilhetinho com uma inscrição com algo do tipo "I wish.." Aquilo era meu sonho, tudo que eu mais quis e mais desejei pra mim; e me fez bastante bem lembrar o quanto eu desejei tudo o que alcancei.

Encaixotar meu armário, não fez somente eu sentir muita falta do passado, mas principalmente muito orgulho do meu presente, e vontade maior ainda de almejar um futuro.

E, o que eu percebi com isso tudo, quer se conhecer melhor? Arrume seu armário!


domingo, 31 de janeiro de 2010

2010

O ano começou agitado, hoje é dia 31 de janeiro e minha vida mais uma vez deu giro, e esse foi tipo de 180 graus.
Estou encaixotando minhas coisas e desta vez não é por minha opção. Acho que eu sofro de incapacidade de desapego, apesar de já estar há 2 anos no Rio, a casa de Friburgo ainda possui intensas relações com a minha pessoa.
Mas não era pra menos né? Foi aqui que eu cresci como pessoa, que eu tive as melhores experiências da minha vida e conheci as pessoas que eu quero levar sempre comigo. Olho as fotos e sinto uma palpitação forte dentro de mim, pois mais uma vez sinto medo de nos perdermos no tempo e virarmos apenas lembranças boas uns na mente dos outros.
Acho que estou passando a dar mais valor ainda a certas coisas, ontem percebi como jogar sualcool a luz da Lua me fazia feliz, porque estar com aquelas pessoas me faz feliz.
Olho pra janela, tem uma borboleta, o gramado verdinho e escuto barulhos de passarinho, a vida me parece tão doce e tão gostosa que sinto vontade de estar aqui pra sempre, mas não dá; engraçado q eu sempre acho q "agora é a hora de crescer", mas agora não sei se é mais isso. Só sei que meu pai foi pra Bahia, minha mãe está em São Paulo; e eu, bem eu não tenho mais certeza se o que eu realmente queria era prosseguir sozinha, como eu falei no outro post.