domingo, 30 de maio de 2010

aquelas suas cuecas furadas

Tire seu corpo molhado de cima de mim!
Recolha seus sentimentos jogados no chão
e vá embora!
Cansei de sentimentos sujos,
não há mais porque esfregar roupas que não se encaixam mais em meu corpo

Leve todos seus trapos
e não tente costurá-los
eu não costurarei os meus.

Depois de ontem,
acordei cinco quilos mais gorda,
ou talvez mais magra,
não me importa.
não cabe mais em mim.

Vou refazer meu guarda-roupa,
só não aceito os retalhos que estão no chão,
vá embora,
e não se esqueça das cuecas na lavanderia.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

O narrador

"O romance não é significativo por descrever pedagogicamente um destino alheio, mas porque esse destino alheio, graças a chama que o consome, pode dar-nos o calor que não podemos encontrar no nosso próprio destino. O que seduz o leitor no romance é a esperança de aquecer sua vida gelada com a morte descrita no livro."
(Walter Benjamin)

sábado, 15 de maio de 2010

Antropologia para criancinhas.

Essa semana aulas de filosofia na UFRJ e uma conversa com o Aviner Escobar(anotem esse nome, provavelmente vai fazer parte do futuro da sociologia), e fiquei pensando sobre a antropologia. Será que uma ciência baseada no relativismo, pode ser tão determinista? E será que dê fato é determinista?
Atribuir tudo a cultura não é tão ruim como atribuir tudo a economia, ou a filosofia e até mesmo a história?
Por causa disso, nós antropólogos em formação e os formados também, muitas vezes somos ridicularizados por estudar grupos isolados, contar "histórinhas" interessantes e outras coisas... Se isso for mesmo verdade, e não estou dizendo se é ou não,e daí? Porque as histórinhas que a antropologia conta são menos verdadeiras ou menos importantes que as demais?
Desde que tive a primeira aula de Antropologia, desde que li "OS SONACIREMA", "RELATIVIZANDO" e demais, me considero uma pessoa diferente, isso porque o relevante pra antropologia não é saber qual o ritual de casamento ou de funeral dos Trobiandeses ou que determinada tribo se pinta de tal forma, mas sim perceber que são construções culturais, que também existe em nossa sociedade.
"Antropologizar" é parar pra pensar que acreditar em rituais mágicos de cura e acreditar em remédios ou em médicos, é exatamente a mesma coisa.
Se teve uma coisa que aprendi com a Antropologia foi a quebrar preconceitos, e isso é relevante e muito, principalmente em uma sociedade tão preconceituosa e etnocêntrica como a nossa.
Será então, que ao invés de forçarmos convívio entre pessoas diferentes em nome da construção da cidadania, não deveríamos primeiro desmistificar tabus?
Não se trata simplesmente pensar no outro, mas se pensar como outro.
Antropologia é uma base pedagógica muito rica para criar respeito entre as pessoas e para mim essa explicação me basta.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

doce desabafo

Um dia busquei em você tudo que não podia encontrar em mim...
E encontrei
Você era a paz, o sorriso inesperado, a felicidade descontraída, a alegria das minhas manhãs;
Cheguei a pensar que eu não poderia viver sem você,
mas eu poderia.
Hoje, te olhar não me desperta paz, nem sorrisos, nem alegria.
E isso não diz respeito a você, mas a mim.
Agora é no espelho que encontro felicidade é nos meus dias que encontro o inesperado e as vezes me pego sorrindo.
Não nego o quanto você foi especial, mas felizmente não preciso mais de você.

sábado, 8 de maio de 2010

códigos

Existe um claro limite entre o que cabe e o que deveria caber em um papel. Porque escrever o que é senão exteriorizar os pensamentos mais longíquos, abstratos ou incoerentes que circulam nossas mentes.
Falo isso porque a partir do momento que escrevo nada mais é meu. Ouvi essa semana que o escrito é do leitor, permita-me tal retificação, mas o escrito é do papel.
Quando se escolhe as palavras certas, a sonoridade ideal, a estética formal ou a despojada, perde-se no conteúdo. Até porque o grande problema da escrita é saber que alguém vai ler.
Saber que alguém vai ler, compromete nossas verdades, pois é em busca do prestígio literário que omitímos aquilo que pensamos.
Isso porque o papel é a prova do pensado e o medo do ridículo nos induz a "estetizar" o que realmente queriamos escrever. E os diários não escapam disso, afinal, não queremos ser ridículo para nós mesmos.
É na mente que somos heróis e bandidos, frígidas e perversos, simpáticos e repugnantes; ali que se estabelece nossa "identidade imáginaria", perdão aos antropólogos de plantão por tal absurdo, mas não entendo, porque controlar e regular meus impulsos interiores e deixar ocupá-los um precioso espaço ao invés de externalizá-los e desocupar a cabeça
Porque ser "humano" é renegar nossa humanidade e estar cada vez mais inserido nos moldes pré -estabelecidos?

Falo isso, porque acabei de apagar o post que estava embaixo