Outono, época que as ruas se enchem de folhas, as árvores parecem secas e calor e frio se misturam deliciosamente.
Eram amigos, apenas amigos, desses que não se encontram mais no orkut, que nunca dizem que se amam e que abrem a porta da nossa geladeira. Caminhavam pelas ruas de Santa Teresa, buscavam um bar aberto as sete horas da manhã. 4,70, o valor das passagens até a Tijuca, era tudo o que tinham, estavam dispostos a trocar toda sua fortuna pelo prazer de uma garrafa de cerveja gelada, era apenas uma cerveja, isto é o que você leitor pode vir a pensar, mas definitivamente não era.
A cerveja era o ápice da realização naquele momento, se pudessem fazer qualquer desejo naquele momento, certamente seria aquela garrafa de cerveja; mulheres, dinheiro, mulheres e dinheiro, mulheres,dinheiro e sucesso, um caminhão ou uma fábrica toda de cerveja, bobagem, nada dessas banalidades substituiria aquela garrafa de cerveja.
Há aquela altura do campeonato não importava o quanto teriam que andar até em casa se gastassem aquele dinheiro com o mel, nem que demorassem toda a eternidade, nada mais importava, nada poderia importar.
Antes, sair para tomar uma cerveja seria a coisa mais normal e banal do mundo, como se levantar e escovar os dentes, todavia agora a situação era outra.
As pequenas ruas que onde antes corriam atras dos bondes, pareciam longas e intermináveis e apesar do cansaço eles não desistiram, seguiam vagarosamente por aquelas vielas, conversando o mesmo de sempre, bundas.
Chegaram até o bar, ou seria melhor dizer o templo, afinal não se tratava apenas de um bar, era um local de adoração, o seu zé, a mesa ideal, o líquido, a temperatura, tudo deveria estar nos conformes.
Entraram no bar e avistaram a mesa do canto esquerdo, abaixo da janela, ela continuava ali, intacta, inclusive com os arranhões no plástico com as iniciais "PJBA", lágrimas surgiram dos olhos dos três e com um nó na garganta se sentaram na mesa, mas um lugar estava vazio.
Haviam se passado 50 anos, Paulo, Bruno e Adriano voltavam do enterro de José, pela primeira vez a turma da esquina não estava completa, e dali por diante não estariam nunca mais, porque aqueles 50 anos se passaram tão rápido, eles não conseguiam entender; dinheiro, trabalho, viagens, compras de supermercado e tudo mais aquilo que parecia importante, não deixou espaço para idiotices como a cerveja de domingo, mas agora tudo era diferente, naquele momento eles perceberam que trocaram tudo que não era importante, por aquilo que realmente valia a pena. Tratava-se de felicidade, como uma cerveja causava mais felicidade do que os vinte e cinco anos dedicados aquela empresa, a nova tv de LCD, o i-phone, as idas anuais a Europa, nada, nada era o suficiente para preencher o espaço da cerveja de domingo. Até que no meio das lamentações aparece o Zé, abre a cerveja, enche os copos baratos. Um brinde, as bundas, é claro. E mais uma vez as bundas foram o assunto da manhã inteira. Depois disso, nunca mais se viram, ou melhor, se encontraram, mais duas vezes, nos outros dois velórios, sempre seguidos do velho ritual.
Devem estar por aí, em algum lugar com um copo barato, uma cerveja gelada e falando sobre bundas.
sexta-feira, 30 de abril de 2010
terça-feira, 6 de abril de 2010
o dia que a cidade não acordou tão maravilhosa...
Pessoas desabrigadas, carros abandonados, ruas inundadas. Tem pessoas que dizem que a natureza está se vingando, não acho que seja por aí, é apenas uma reação natural a tudo que o homem tem feito, e principalmente deixado de fazer, em relação a ela.
É fácil colocar a culpa no governo e continuar jogando lixo pelas janelas dos ônibus, sofá no rio... Ao mesmo tempo, é fácil o governo colocar a culpa na população por jogar lixo em lugar indevido, construir em locais indevidos, difícil é admitir a ineficiência do aparelho público, eles se preocupam tanto em embelezar a cidade e é como meu pai diria, começam a reformar a casa pelo telhado, e sem base firme, nada fica de pé.
Enfim, o ponto é que é muito simples colocar a culpa no próximo difícil é admitir sua parcela de culpa e passar a realmente se preocupar com o Planeta, e não apenas comprar sacolas com frases ridículas do tipo “I Love Earth” por pura vaidade, francamente. Infelizmente, assim que isso passar, as pessoas vão esquecer que tiveram que andar no meio da merda, ou que demoraram doze horas pra fazer um percurso de vinte minutos, ou talvez até se lembrem, durante uma conversa indignada sobre o governo, ou em um papo engraçado em uma mesa de bar. Mas, quando for tomar o quinto copo de água no quinto copo de plástico descartável ou jogar o pacote de biscoito, simplesmente esquecerão o dia seis de abril de 2010.
É com imenso pesar que observo e admito, estamos colhendo o que nós plantamos!
É fácil colocar a culpa no governo e continuar jogando lixo pelas janelas dos ônibus, sofá no rio... Ao mesmo tempo, é fácil o governo colocar a culpa na população por jogar lixo em lugar indevido, construir em locais indevidos, difícil é admitir a ineficiência do aparelho público, eles se preocupam tanto em embelezar a cidade e é como meu pai diria, começam a reformar a casa pelo telhado, e sem base firme, nada fica de pé.
Enfim, o ponto é que é muito simples colocar a culpa no próximo difícil é admitir sua parcela de culpa e passar a realmente se preocupar com o Planeta, e não apenas comprar sacolas com frases ridículas do tipo “I Love Earth” por pura vaidade, francamente. Infelizmente, assim que isso passar, as pessoas vão esquecer que tiveram que andar no meio da merda, ou que demoraram doze horas pra fazer um percurso de vinte minutos, ou talvez até se lembrem, durante uma conversa indignada sobre o governo, ou em um papo engraçado em uma mesa de bar. Mas, quando for tomar o quinto copo de água no quinto copo de plástico descartável ou jogar o pacote de biscoito, simplesmente esquecerão o dia seis de abril de 2010.
É com imenso pesar que observo e admito, estamos colhendo o que nós plantamos!
segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010
e lá do fundo do meu armário...

a saia de festa junina, ah que lembranças gostosas, mas eu achava que ela era um pouco mais comprida, agora mal ultrapassa o perímetro das minhas coxas. Tantas quadrilhas, amigos, felicidade, beijos roubados, bilhetinhos de correio elegante. Ahhh.
Uau, o vestido lilás de Cabo Frio, ah! vestidinho como te amei, era colocar você e me sentir a morena mais bonita que eu já tinha visto, pena que hoje você está tão velho e rasgado que não posso nem pensar em doá-lo para embelezar outra menina,
O All -Star preto de cano longo, não podia faltar, afinal quem não teve ou não tentou ter a fase underground, engraçado com ele me sentia uma pessoa tão legal, que bobagem, era só um tênis.
O crachá do SENAI, como podia esquecer, ah o SENAI, as labaredas no corredor, a Coordenação, o primeiro namoradinho, a implicância com o tamanho da minha camiseta, sono, cansaço, 130 reais por mês que pareciam uma fortuna, bons amigos, ah! bons tempos.
O cd do Charlie Brown, não podia faltar em minhas tardes, coitado esse trabalhou, tanto que foi capaz de quebrar o leitor de cd do meu micro system...
Mas lá no fundo do armário, uma pasta amassada, foi o que me chamou mais a atenção.
Eram recortes de jornais e papéis sobre a faculdade, ali todos juntos e presos por um bilhetinho com uma inscrição com algo do tipo "I wish.." Aquilo era meu sonho, tudo que eu mais quis e mais desejei pra mim; e me fez bastante bem lembrar o quanto eu desejei tudo o que alcancei.
Encaixotar meu armário, não fez somente eu sentir muita falta do passado, mas principalmente muito orgulho do meu presente, e vontade maior ainda de almejar um futuro.
E, o que eu percebi com isso tudo, quer se conhecer melhor? Arrume seu armário!
domingo, 31 de janeiro de 2010
2010
O ano começou agitado, hoje é dia 31 de janeiro e minha vida mais uma vez deu giro, e esse foi tipo de 180 graus.
Estou encaixotando minhas coisas e desta vez não é por minha opção. Acho que eu sofro de incapacidade de desapego, apesar de já estar há 2 anos no Rio, a casa de Friburgo ainda possui intensas relações com a minha pessoa.
Mas não era pra menos né? Foi aqui que eu cresci como pessoa, que eu tive as melhores experiências da minha vida e conheci as pessoas que eu quero levar sempre comigo. Olho as fotos e sinto uma palpitação forte dentro de mim, pois mais uma vez sinto medo de nos perdermos no tempo e virarmos apenas lembranças boas uns na mente dos outros.
Acho que estou passando a dar mais valor ainda a certas coisas, ontem percebi como jogar sualcool a luz da Lua me fazia feliz, porque estar com aquelas pessoas me faz feliz.
Olho pra janela, tem uma borboleta, o gramado verdinho e escuto barulhos de passarinho, a vida me parece tão doce e tão gostosa que sinto vontade de estar aqui pra sempre, mas não dá; engraçado q eu sempre acho q "agora é a hora de crescer", mas agora não sei se é mais isso. Só sei que meu pai foi pra Bahia, minha mãe está em São Paulo; e eu, bem eu não tenho mais certeza se o que eu realmente queria era prosseguir sozinha, como eu falei no outro post.
Estou encaixotando minhas coisas e desta vez não é por minha opção. Acho que eu sofro de incapacidade de desapego, apesar de já estar há 2 anos no Rio, a casa de Friburgo ainda possui intensas relações com a minha pessoa.
Mas não era pra menos né? Foi aqui que eu cresci como pessoa, que eu tive as melhores experiências da minha vida e conheci as pessoas que eu quero levar sempre comigo. Olho as fotos e sinto uma palpitação forte dentro de mim, pois mais uma vez sinto medo de nos perdermos no tempo e virarmos apenas lembranças boas uns na mente dos outros.
Acho que estou passando a dar mais valor ainda a certas coisas, ontem percebi como jogar sualcool a luz da Lua me fazia feliz, porque estar com aquelas pessoas me faz feliz.
Olho pra janela, tem uma borboleta, o gramado verdinho e escuto barulhos de passarinho, a vida me parece tão doce e tão gostosa que sinto vontade de estar aqui pra sempre, mas não dá; engraçado q eu sempre acho q "agora é a hora de crescer", mas agora não sei se é mais isso. Só sei que meu pai foi pra Bahia, minha mãe está em São Paulo; e eu, bem eu não tenho mais certeza se o que eu realmente queria era prosseguir sozinha, como eu falei no outro post.
quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
o show tem que continuar.
E mais uma vez final de ano, e desta vez não vou dizer que o ano passou muito rápido, as vezes penso em coisas que aconteceram no começo do ano mas parece que já fazem tanto tempo, e tem coisas que já faz tanto tempo, mas parece que foi ontem... mas isso não vem ao caso.
Pois bem, segundo ano no Rio, e hoje tava olhando a minha grade curricular e percebi que já cursei metade dos créditos necessários, tipo, engraçado parece que foi ontem eu ligando pra todo mundo berrando -"Porra passei no vestibular!" e agora aqui estou eu uma quase sociológa, antropóloga ou cientista política, com jeitinho de criança...
Pensar nisso tudo é tão estranho, há três anos atrás achava que tinha encontrado o amor da minha vida e que eu e meus queridos amigos estaríamos juntos no Rio como uma família. Mero engano. O "amor da minha vida" não passava de um bom amigo e meus amigos moram há no máximo 40 minutos da minha casa, e se nos encontramos 3 vezes o ano todo foi muito . E quanto ao jornalismo? pois é, não virei jornalista, a vida se tratou de me colocar em outro lugar; mas sabe o que eu acho disso tudo? UM MÁXIMO
Ainda bem que eu não vivi o que planejei pra mim, porque o inesperado é o que me faz tão feliz. Estou super feliz cientista social, e estou feliz pelo destino de cada uma das pessoas que eu gosto, não me incomoda os desencontros, pois me sinto ligada a todos eles como nunca; apenas estamos nos dando tempo para cada um de nós conhecermos o nosso mundo.
Em 2009, não sei se eu inovei, mas nem me importa saber, me atirei em um Rio cujo destino desconheço, mas o percurso me fascina...
E o que eu espero de 2010?
Simples, continuar vagando pela correnteza, levando tudo aquilo que é importante comigo, mas na memória e em fotografias, agora mais do que nunca quero seguir sozinha.
sábado, 14 de novembro de 2009
Talvez as pessoas nunca vão entender que a essência vai muito além da aparência,
que ser bem-sucedido não implica em necessariamente ter um bom salário e o carro do ano,
que os bons alunos não são feitos das boas notas,
Podemos passar a vida tentando provar coisas inúteis, quando na verdade felicidade não precisa de pré-aprovação,
Tem gente que fala que nao existe vida sem amor, e tem gente que não acredita no amor,
mas de que importa?
Qual é o problema em você gostar de ficar sozinha e preferir usar saias curtas ao invés de calças jeans?
e daí se você tem um dedo a mais ou uma argola na ponta do nariz?
Porque não posso gostar de Antropologia ao invés de Direito, Engenharia ou todas aquelas parafernalhas que dão dinheiro...
Sinceramente, essas formalidades mundanas me irritam.
que ser bem-sucedido não implica em necessariamente ter um bom salário e o carro do ano,
que os bons alunos não são feitos das boas notas,
Podemos passar a vida tentando provar coisas inúteis, quando na verdade felicidade não precisa de pré-aprovação,
Tem gente que fala que nao existe vida sem amor, e tem gente que não acredita no amor,
mas de que importa?
Qual é o problema em você gostar de ficar sozinha e preferir usar saias curtas ao invés de calças jeans?
e daí se você tem um dedo a mais ou uma argola na ponta do nariz?
Porque não posso gostar de Antropologia ao invés de Direito, Engenharia ou todas aquelas parafernalhas que dão dinheiro...
Sinceramente, essas formalidades mundanas me irritam.
domingo, 8 de novembro de 2009
iluminare
voa passarinho, voa.
vêm de lá dos bambuzais
iluminado por aqueles traços fortes de luz.
Eu já não tenho medo de você,
peço que também não tenha medo de mim,
se aproxime,
quero tanto ouvir suas histórias!
Saber como são as coisas lá do alto,
por aqui tudo está tão sem cor, sem brilho,
que só suas asas "azul esperança"
são capazes de roubar sorrisos da minha face sombria
me conte sobre a sensação de suas asas,
como é ser livre?
estando hora aqui, hora acolá..
e o vento? ele é tão gostoso como o barulho dos mensageiros que anunciam sua chegada?
Oh passarinho!
Nem te conheço, mas já te cativo,
E sabes, faz bem de não querer se aproximar dos homens,
os homens são feitos de prisões, de preocupações, de chateações
e você aí tão livre e tão indiferente a tudo e a todos,
quem dera eu poder viver apenas com você, passarinho.
vêm de lá dos bambuzais
iluminado por aqueles traços fortes de luz.
Eu já não tenho medo de você,
peço que também não tenha medo de mim,
se aproxime,
quero tanto ouvir suas histórias!
Saber como são as coisas lá do alto,
por aqui tudo está tão sem cor, sem brilho,
que só suas asas "azul esperança"
são capazes de roubar sorrisos da minha face sombria
me conte sobre a sensação de suas asas,
como é ser livre?
estando hora aqui, hora acolá..
e o vento? ele é tão gostoso como o barulho dos mensageiros que anunciam sua chegada?
Oh passarinho!
Nem te conheço, mas já te cativo,
E sabes, faz bem de não querer se aproximar dos homens,
os homens são feitos de prisões, de preocupações, de chateações
e você aí tão livre e tão indiferente a tudo e a todos,
quem dera eu poder viver apenas com você, passarinho.
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