terça-feira, 14 de setembro de 2010

sono

Tarde na praia. Duas mesas.
Na primeira, um casal, um violão e Chico. Logo ao lado um grupo de jovens, um iPod e Los Hermanos.
Sinto um profundo incômodo, penso que aquela confusão linguística e sonora me atormenta. Doce ilusão. Percebo que me irrito com a mistura do novo e o velho, não sei se sinto raiva dos velhos retógrados ou dos jovens e o progresso. A verdade é que não sei o que quero ouvir. E a partir daí esta se torna uma questão de ser.
Não me sinto velho, tampouco jovem e não consigo me conformar em não ser nada. Resolvo me aproximar dos jovens. Ouvindo todos aqueles pensamentos idealistas desconcentro-me com o acorde sufocado do violão ao lado, era certo, não era mais jovem.
Me aproximo do casal, todo aquele ceticismo e racionalidade me incomodam, e mesmo durante os assuntos que me interessavam me perdia ao som das risadas dos jovens.
Me afasto das mesas, percebo que em uma delas era eu, na outra provavelmente serei eu. Sinto-me perdido no tempo, eu nunca acreditei no presente, pois já é passado, e se ainda não pensei é futuro. Então quem sou eu?
Procuro me situar no tempo, olho para o céu, e nem o sol pode me orientar, o dia está nublado, estou aqui há três dias ou há três anos. Não sei. Me perdi do relógio ou do calendário, mais que isso, me perdi de mim mesmo, estou aflito, mas não sei se quero me achar.

4 comentários:

Anônimo disse...

quem sou eu? de onde vim? pra onde vou? e afinal de contas, o que eu tô fazendo aqui?

=D

manda mt bem investigar, duvidar, criar e transcender em texto.

mariana angelito disse...

..mas procurar tambem é uma maneira de achar.

belo texto!

Cidão Mascarenhas disse...

dualidades

Arthur disse...

Pois é, não tenho nada a acrescentar, fica aqui só a minha admiração =D