sábado, 8 de maio de 2010

códigos

Existe um claro limite entre o que cabe e o que deveria caber em um papel. Porque escrever o que é senão exteriorizar os pensamentos mais longíquos, abstratos ou incoerentes que circulam nossas mentes.
Falo isso porque a partir do momento que escrevo nada mais é meu. Ouvi essa semana que o escrito é do leitor, permita-me tal retificação, mas o escrito é do papel.
Quando se escolhe as palavras certas, a sonoridade ideal, a estética formal ou a despojada, perde-se no conteúdo. Até porque o grande problema da escrita é saber que alguém vai ler.
Saber que alguém vai ler, compromete nossas verdades, pois é em busca do prestígio literário que omitímos aquilo que pensamos.
Isso porque o papel é a prova do pensado e o medo do ridículo nos induz a "estetizar" o que realmente queriamos escrever. E os diários não escapam disso, afinal, não queremos ser ridículo para nós mesmos.
É na mente que somos heróis e bandidos, frígidas e perversos, simpáticos e repugnantes; ali que se estabelece nossa "identidade imáginaria", perdão aos antropólogos de plantão por tal absurdo, mas não entendo, porque controlar e regular meus impulsos interiores e deixar ocupá-los um precioso espaço ao invés de externalizá-los e desocupar a cabeça
Porque ser "humano" é renegar nossa humanidade e estar cada vez mais inserido nos moldes pré -estabelecidos?

Falo isso, porque acabei de apagar o post que estava embaixo

Um comentário:

Arthur disse...

Será?

Não dispenso uma música porque ela é bem trabalhada, mesmo que em detrimento do sentido ou da mensagem passada. Incrível, não é? Jaco Pastorius e Ludwig Van, Olavo Bilac e Augusto dos Anjos, eles nunca buscaram defender ideias ou ideais.

Mas sua opinião é válida, não há motivo para fazer arte (e literatura é a mais linda faceta dela...) sem que se procure ensinar algo, ainda que dúbio, ainda que fraco.

Boa sorte com o blog, gostei bastante do que li!