sábado, 15 de maio de 2010

Antropologia para criancinhas.

Essa semana aulas de filosofia na UFRJ e uma conversa com o Aviner Escobar(anotem esse nome, provavelmente vai fazer parte do futuro da sociologia), e fiquei pensando sobre a antropologia. Será que uma ciência baseada no relativismo, pode ser tão determinista? E será que dê fato é determinista?
Atribuir tudo a cultura não é tão ruim como atribuir tudo a economia, ou a filosofia e até mesmo a história?
Por causa disso, nós antropólogos em formação e os formados também, muitas vezes somos ridicularizados por estudar grupos isolados, contar "histórinhas" interessantes e outras coisas... Se isso for mesmo verdade, e não estou dizendo se é ou não,e daí? Porque as histórinhas que a antropologia conta são menos verdadeiras ou menos importantes que as demais?
Desde que tive a primeira aula de Antropologia, desde que li "OS SONACIREMA", "RELATIVIZANDO" e demais, me considero uma pessoa diferente, isso porque o relevante pra antropologia não é saber qual o ritual de casamento ou de funeral dos Trobiandeses ou que determinada tribo se pinta de tal forma, mas sim perceber que são construções culturais, que também existe em nossa sociedade.
"Antropologizar" é parar pra pensar que acreditar em rituais mágicos de cura e acreditar em remédios ou em médicos, é exatamente a mesma coisa.
Se teve uma coisa que aprendi com a Antropologia foi a quebrar preconceitos, e isso é relevante e muito, principalmente em uma sociedade tão preconceituosa e etnocêntrica como a nossa.
Será então, que ao invés de forçarmos convívio entre pessoas diferentes em nome da construção da cidadania, não deveríamos primeiro desmistificar tabus?
Não se trata simplesmente pensar no outro, mas se pensar como outro.
Antropologia é uma base pedagógica muito rica para criar respeito entre as pessoas e para mim essa explicação me basta.

3 comentários:

Teresa disse...

Adorei o que escreveu, sou de Antropologia às portas de fazer o mestrado e tenho-me dedicado à Educação Intercultural.
Adorei a última frase, porque acho que a essência do que é Antropologia não é o trabalho de campo, a pesquisa, o "coleccionismo", etc etc...acho que o mais maravilhoso na Antropologia é dar-nos cartas para pensarmos em nós, nos outros e no todo, para respeitar, que no fundo será o mais importante entre as relações humanas. É deixarmos de olhar o mundo sem estarmos por trás reflectidos no espelho.

Cadu Henning disse...

Realmente muito legal seu post. Acho que tuas indagações estão super em um caminho bom. Uma coisa que no futuro seria legal que vc lesse também seria os antropólogos que fazem a crítica ao conceito de cultura, em uma tentativa (ao olhar deles) de aprofundar e refinar o pensamento antropológico. É muito interessante, estilo Lila Abu-Lughod ("Writing Against Culture"), Adam Kuper, etc. acho que vc ficaria ainda mais apaixonada. hehehe... Abç!

Arthur disse...

E eu, inocentemente, brincando com você sobre como a antropologia é "sem propósito"... Carara! Não esperava tamanha reação.

Mas já mudei meu ponto de vista, você me convenceu! =D